Vinte e poucos anos atrás o Badauí me contou que iria montar uma banda. Lembro de ganhar a primeira fita demo do CPM que na época ainda não tinha adicionado o 22 no nome. Não me recordo muito do show de inauguração do Hangar 110, antológica casa de show punk paulistana, pois tinha tomado toda a cerveja separada no camarim para o CPM 22, que abriu a noite. Mas por outro lado, lembro perfeitamente quando lançaram o primeiro CD, totalmente independente. Nessa época, minha antiga banda, Blind Pigs, levava os novatos do CPM 22 para abrir alguns shows, e para nosso desespero, em algumas cidades eles já estavam roubando a cena. Ralaram muito no underground, sou testemunha disso, e graduaram com mérito para o grande público, que estava sedento de uma banda hardcore brasileira que cantasse em português.
Os caras estouraram e viraram trilha sonora da vida de muita gente. Seis discos de estúdio depois, o CPM 22 lança seu trabalho mais honesto, Suor e Sacrifício, um álbum maduro que mostra a evolução da banda após algumas mudanças na formação. Combustível abre o disco queimando o asfalto, arrebentando tudo pelo caminho. É CPM 22 clássico, que os fãs conhecem, música para abrir roda nos shows. Ser Mais Simples, o primeiro single, agradou quem ansiosamente esperava material novo dos caras e quem cresceu ouvindo a banda com certeza irá se identificar com o punk rock melódico e cheio de atitude de Linha de Frente. Falando em fãs, estes ainda ganham um belo tributo na música A Esperança Não Morreu, uma das melhores do álbum. Me diz o seguinte, você já se imaginou gravando uma música com o vocalista de uma das bandas que mais te influenciou?
Pois os caras fazem isso em Never Going To Be The Same onde o Badauí divide os vocais com ninguém menos que Trever Keith, líder da veterana banda americana Face to Face. Mas o auge do disco é discutivelmente a linda Honrar Seu Nome, dedicada ao pai do Badauí, que faleceu no ano passado. Confesso que meus olhos marejaram quando a escutei pela primeira vez. Suor e Sacrifício fecha com o hino Todos Por Um que com certeza será cantado em uma só voz nos shows. Parabéns CPM 22! Provaram que continuam relevantes no cenário nacional da melhor maneira possível, com um grande disco. Vida longa!
Henrike Baliú (Blind Pigs)