Carioca do bairro do Lins de Vasconcelos, Zona Norte do Rio de Janeiro, Luiz Ayrão nasceu em uma família de artistas. Freqüentemente, todo o clã se reunia e vez por outra, era possível encontrar aí, nas rodas de choro, mestres da música popular brasileira, amigos da família, como Pixinguinha e João da Bahiana.
Nesse ambiente, Ayrão desenvolveu o gosto pela música e seus cadernos, cheios de composições, faziam sucesso entre os colegas que frequentavam o Bar do Divino, conhecida esquina do suburbio carioca onde jovens, que mais tarde se tornariam famosos, se aglomeravam. Nessa época, veio morar no seu bairro, aquele que iria se tornar o maior ídolo da então chamada Música Jovem: Roberto Carlos, surgindo então uma grande afinidade.
Ayrão participou de várias fases da música popular brasileira desde a década de sessenta, começando quando surge a Jovem Guarda, gravado como autor no primeiro disco de Roberto Carlos (CBS), a canção “Só por Amor” (1962), que lhe abriu portas permitindo que tivesse outras composições suas gravadas por ícones da época como Renato e Seus Blue Caps, Golden Boys, dentre outros. Roberto também gravou outras composições como “Nossa Canção” (1967), o primeiro grande sucesso e o primeiro sucesso romântico da carreira do Rei e, “Ciúme de Você” (1970), ambas regravadas até hoje por grandes nomes da MPB.
Já formado e trabalhando como advogado, teve sua estréia como cantor quando uma de suas composições foi inscrita no festival O Brasil Canta no Rio, em 68, promovido pela TV Excelcior. Considerada subversiva e provocadora a música “Liberdade! Liberdade!” teve que ser interpretada pelo próprio Ayrão que subiu ao palco pela primeira vez diante de grande platéia e câmeras de TV. Lá conheceu Romeu Nunes, que gostando do que havia ouvido, contrata Ayrão por dois anos para a gravadora a RCA Victor, onde gravou 4 compactos.
Do destino ninguém foge. Por incentivo de Romeu, no início de 1974, pela Emi-Odeon, é lançado seu primeiro trabalho como cantor profissional. Uma das faixas estoura no carnaval e atravessa o ano liderando todas as paradas: “Porta Aberta”, uma declaração de amor à sua Escola de Samba Portela, torna-se um grande hit, e hoje é considerada um clássico da MPB, revelando o samba como sua vocação. No mesmo disco, outro grande êxito: “No Silêncio da Madrugada”. Luiz deixa de vez a carreira de advogado e parte para o segundo disco, “Missão”, com novos sucessos: “Saudades da República” e “Bola Dividida”.
Então casado e com seu primeiro filho ainda pequeno, em 1975 integra o elenco da mais famosa casa de MPB da noite paulistana: Catedral do Samba. Ayrão deixa sua terra natal e se muda com a família para São Paulo, onde logo tem suas duas filhas.
Nos anos seguintes novos discos são lançados pela EMI- Odeon, revelando sucessos anuais e consecutivos, batendo recordes de vendagens e músicas em destaque nas paradas de sucessos, como: “Os Amantes”, gravado também em espanhol em seu primeiro disco para América Latina, “O Lencinho”, “Conto até Dez”, “Quero que Volte”,
“Reencontro”, “O Lobo da Madrugada”, “Mulher à Brasileira”, “Amor Dividido”, “Bonequinha”, “Meu Canarinho” – sucesso na Copa de 82, “Águia na Cabeça”, “Separados”, dentre outros, que o levaram a se apresentar na Europa, Estados Unidos, Japão e pela América Latina.
Contestador, transparece em suas letras pensamentos e ideais quanto à política vigente e algumas músicas são censuradas, entre elas, “Liberdade! Liberdade”, “Meu Caro Amigo Chico”, dedicada a Chico Buarque e, “Treze Anos”, rebatizada como “O divórcio”, para burlar a Censura – motivo, hoje, de documentários para os quais é convidado a participar.
Em São Paulo, como empresário, chega a ter 3 casas de shows por onde passaram nomes como: Roberto Carlos, Elis Regina, Simone, Chico Anísio, Amália Rodrigues, Martinho da Vila, Clara Nunes, Cauby Peixoto, Angela Maria, Isaurinha Garcia, Jair Rodrigues, Silvio Caldas, Nelson Gonçalves, Inezita Barroso, Adoniran Barbosa, Os Demônios da Garoa, Os Cantores de Ébano, Lana Bittencourt, Denílson, o comediante Costinha, o humorista e compositor Chocolate e inúmeros outros talentos.
Ayrão é autor de 3 livros, o romance: “O País dos meus Anjos” (2000), sobre o caminho entre a descrença e a fé; “Meus Ídolos & Eu”, (2010), onde abre seu acervo de memórias, reunidas ao longo de 50 anos de vivência no meio artístico e narra de maneira bem-humorada histórias dos bastidores vividas e contadas por algumas das geniais personalidades do nosso universo musical, prefaciado pelo jornalista e importante historiador da Música Popular Brasileira, Ricardo Cravo Albin, e, mais recentemente, mais um romance: “Da Aurora ao Pôr do Sol” (2016), inspirado em sua história pessoal.
Completando mais de 50 anos de carreira, e mais de 5 mil shows mundo afora, Ayrão atinge a impressionante marca de cerca de 11 milhões de cópias vendidas, 40 álbuns lançados no Brasil e America Latina, 11 Discos de Ouro, 8 Discos de Platina, 2 Discos de Diamante e centenas de troféus e premiações diversas.
Seus maiores sucessos voltam às paradas renovados nas vozes de grandes intérpretes de estilos diversos, como Maria Bethânia, Nana Caymmi, Daniel, Raça Negra, Rio Negro e Solimões, Vanessa da Matta, Mallu Magalhães, Diogo Nogueira, Tereza Cristina, Zeca Baleiro, Paula Fernandes e claro, Roberto Carlos, compondo inclusive trilhas sonoras de novelas e filmes nacionais.
Hoje, vivendo entre Rio e São Paulo, Ayrão viaja pelo país apresentando seu Show de Sucessos e mantém o laço com seus fãs participando ativamente das redes sociais e lançando novos projetos nas plataformas digitais.
– Benemérito do GRES Portela
– Título de Cidadão Paulistano
– Imortal da Academia Brasileira de Ciências Artes e Literatura
– Cidadão Honorario de Saquarema